Encontrei esse texto no blog cabeça jovem, achei lindo e resolvi postar aqui pra vocês ;]
Esta casa…
Um conto (apaixonado) de Gustavo Guilherme
Esta casa nunca esteve desocupada, mas dia desses um homem educado e gentil bateu na porta.
Com um sotaque hipnótico e um olhar irresistível, ele pediu que pudesse, se possível, entrar e repousar aqui, nesta casa.
Não detive o sorriso e escancarei a porta, fiz as honras, lhe ofereci um prato de lasanha, ao que gentilmente respondeu que não – preferia um belo peixe ou um pedaço de pão.
Ali o homem ficou, repousou, descansou.
Quando acordou, não o deixei mais sair. Lhe ofereci um lugar para morar. Esta casa.
Um dia percebi graves feridas em suas mãos e me ofereci para cuidar delas, mas ele, com uma delicadeza descomunal, não deixou que eu nada fizesse além de admirá-las, de vez em quando tocá-las.
No dia seguinte, porém, ele percebeu as minhas feridas e me pediu para que ele as medicasse, e eu deixei – e ele as curou.
De vez em quando ainda o vejo mexendo nas coisas, geralmente mudando as peças desta casa de um lado para outro, voltando para o lugar onde estava e trocando de lugar outra vez. Ele é incansável em suas mudanças que me aprisionam em seu caráter irrepreensível.
Nesta casa, o homem está livre e, vez ou outra, se incomoda com a sujeira e as varre para fora da casa; se entristece com os quadros pendurados na parede, e os queima; ou, como o vi fazer estes dias, se comove com minha dor ou meu sorriso e senta ao meu lado, só para chorar comigo, só para sorrir comigo.
Nesta casa que sou eu
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Por: Gustavo Guilherme direto do TERRITÓRIO-7
Por: Gustavo Guilherme direto do TERRITÓRIO-7
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