Tempo menino

Eu vi um menino correndo, e esbarrando em tudo que estava em seu caminho ele permanecia ora mais acelerado, ora mais lento. Embora ele nunca parasse, pude notar que ele era seu próprio dono, e não respondia por consequências de atos insanos cometidos por sua pressa.
Vi também que ele percorria por retas e curvas sem se importar com o frio do inverno ou a beleza da primavera. Ele carregava o verão dentro de si, e seus olhos tinham cor de outono.
Ele não se cansava, não se cansava nunca, e não se importava com sentimentos pois andava sempre sozinho - talvez não gostasse de companhias.
Ele não olhava pra trás, nem mesmo quando o sol era maravilhoso se pondo em seu espetáculo.
Quem era o menino? O menino é  o tempo, irrelevante, irredutível, malicíoso, dono de si, irreverente. Sim, o tempo!
Travesso, atrevido, malino, é o tempo menino, é o menino tempo.
Não continuarei a observá-lo, aprendi que só preciso deixar ele ser e ele será. Só preciso deixar ele fazer enquanto eu aconteço, e preciso não me prender à ele que se sente muito bem sozinho.
Ainda estou aprendendo sobre o tempo, mas preciso aprender muito mais sobre meu coração.